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4.1.17
Deri
Eu tenho pena daquelas pessoas que moram na favela, dormindo
sob uma tábua e sobre outra. As mesmas pessoas que saem para trabalhar às cinco
da manhã, pegam duas ou mais conduções e retornam às oito da noite depois do
aperto dos ônibus lotados.
Eu tenho pena daqueles aposentados que ficam na fila do
posto de saúde para pegar o remédio, porque sua aposentadoria o proíbe de
comprar, e que muitas vezes está em falta.
Eu tenho pena daqueles que ficam nas filas nos hospitais
para marcar uma consulta de triagem para daqui a três meses, e depois, durante
a consulta, o médico pede exames, que só poderão ser feitos depois de seis
meses por causa da espera da nova marcação.
Eu tenho pena daquelas pessoas que perdem tudo (o pouco que
têm) em uma chuva, por um desmoronamento ou enxurrada.
Eu tenho pena de pessoas que passam anos procurando um
emprego estável, e enquanto isso faz bico para sobreviver.
Eu tenho pena de muitas pessoas honestas que apesar de todas
as dificuldades que passam, continuam honestas, por incrível que pareça.
Agora, dizer que tenho pena destes que se auto massacraram
em uma prisão, que os mal acomodavam, porque não conseguiram manter-se conforme
as leis vigentes?
Não.
Destes não tenho pena.
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