22/05/2013

Saga Derinarde II – Capítulo 126


No Capítulo anterior...

- Faz parte da implementação que colocamos em você. O ouvido humano percebe sons que variam de Vinte á Vinte mil hertz. Acima disso chamamos ultrassom e abaixo infrassom. A grande maioria de sons dessa faixa, ou seja, audíveis por nós, é acompanhada de infra e ultra. A alteração feita no tratamento de sons levou em consideração esta parte não audível e pudemos mandar impulsos para suas articulações a fim de criar uma proteção a mais. Foi o que aconteceu.
As explicações de Vtec me fascinavam.
- Que dizer que você criou reflexos robotizados? Perguntei.
- Interpretação e comandos rápidos. Não se usa o termo reflexo em robótica. Mais uma vez uma resposta professoral.
- O que você achou desse tal Arthur? Perguntei mudando de assunto novamente.
- Rosa, venha até aqui, Vtec falou no interfone.

Continuação...

- A rosa foi quem fez o levantamento. Como já falei, ela é uma excelente jornalista investigativa.
Em poucos segundos a menininha estava ao nosso lado e Fernanda trazia café.
- Rosa, fale de Arthur Derinarde. Vtec estava pedindo a biografia.
- Arthur Derinarde, trinta e nove anos, catalão, viveu na Irlanda por oito anos onde se especializou em explosivos. Ativista do IRA. Foi acusado de ter montado doze bombas de alto poder destrutivo. Nada foi provado, mas foi deportado para a Espanha. Algumas autoridades acham que ele foi responsável pela explosão do trem em Madri, mas novamente nada foi provado. Chegou ao Brasil há duas semanas e está sendo vigiado por agentes da Interpol com o apoio da policia federal brasileira.
- Ok. Peguei uma xícara de café e subi.
Estava tomando meu café e absorto em meus pensamentos sobre a bomba que estava para ser montada quando Rosa chegou ao meu lado.
- Se você quiser, eu vou embora. Rosa disse olhando em meus olhos.
- Vtec disse que você é competente e eu acredito. É que eu me preocupo como você, com Fernanda e com ele também. Sente-se. Ofereci a parte do sofá ao meu lado.
- Poxa, Vtec nunca falou de você. Alias Vtec nunca fala de nada. Provoquei um assunto.
- É. Ele é de poucas palavras. Ele sempre cuidou de mim. Não temos lembranças de nossos pais. Os perdemos muito cedo e desde então passamos nossa infância em orfanatos. Em escolas públicas participamos de feiras de ciências e gincanas de matemática onde ganhamos evidência. Alguns empresários, pais de colegas nossos enxergaram algum potencial em nós e nos proporcionaram melhores escolas, depois cursos, depois empregos e estamos aqui. Aquele havia sido um currículo melhor do que o que Vtec me apresentou.
- Não entendo porque Vtec não está no meu projeto oficial. Por que não está na POLI? Na verdade eu o queria onde estava, mas ele era muito bom para ser desperdiçado.
- Ele zerou na redação. Ela deu o veredito.
- Ãnnn?!? Só consegui emitir esse som.
- Ele prestou vestibular para a POLI, sempre foi o sonho dele, mas ele zerou na redação. Ele não consegue escrever. Ele não sabe se expressar. Confirmou Rosa.
- Mas alguém deve ter visto a prova dele. Ele deve ter ido bem nos resto, não? Ninguém falou com ele? Eu estava inconformado.
- Á sim. Ele foi nota dez em todas as matérias, acho que esse foi o problema. Ninguém vai “tão bem em todas as matérias”, então o acusaram de “cola”, de trapaça e foi chamado para uma entrevista. Ele não se expressa com pessoas, não se expressa no papel e sob acusação e pressão, ai sim. Não se defendeu e foi sumariamente cortado. Rosa foi muito clara na explicação.
Ficamos por mais de duas horas conversando e eu aprendi muito sobre aquela minha equipe. Tive muita raiva pelo que passaram, mas ao mesmo tempo muito orgulho. Eram vencedores, apesar de tudo.

  Continua...


 “Não use drogas, a vida é uma viagem”
Trata-se de uma obra fictícia e os nomes utilizados nada tem haver com seus homônimos da vida real.

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